O Diário de Bordo do Coronel Hiram Reis e Silva, construído em parceria com o Clube de História do Colégio Militar de Porto Alegre, relata projetos de navegação a caiaque realizados pela região amazônica.
Fase 1: Tabatinga-Manaus (concluída em fevereiro de 2009). Fase 2: Rio Negro (concluída em 20 de janeiro de 2010).

Percursos percorridos na Fase 1 e Fase 2

Percursos percorridos na Fase 1 e Fase 2
Mapa produzido pelo Globo Amazônia

Na rota do rio Negro

Por Hiram Reis e Silva, Porto alegre, RS, 16 de dezembro de 2009

“É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glórias,
mesmo expondo-se à derrota, do que formar fila com os pobres de espírito,
que nem gozam muito, nem sofrem muito,
porque vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota”.
(Theodore Roosevelt)

Planejamento, treinamento, reveses, sucessos, um ano atípico, de condições climáticas extremamente adversas, tornaram difícil a preparação física para esta fase que considero a mais complexa de nosso grande ‘Projeto Aventura Desafiando o Rio-mar’. Buscamos inspiração nos heróicos desbravadores do passado, energia nas entranhas de cada célula de nosso corpo e tenacidade em nossa alma inquieta. Hoje, quarta-feira, estou partindo para o Amazonas. Na bagagem, além do material de acampamento, saúde, higiene, sensoriamento remoto, uma ansiedade me acompanhará, certamente, remada a remada até o momento em que aportar na praia do 2° Grupamento de Engenharia em Manaus no final de janeiro. Transcrevo, abaixo, o texto de meu caro amigo o Coronel Soriano, de quem sou profundo admirador, que ilustra a capa de meu projeto de livro. É pena que as nossas atuais instituições de ensino não sejam capazes de, como ele, ter a capacidade de aquilatar a real importância e a grandeza do Projeto Rio-Mar.


- Coronel Manoel Soriano Neto - Historiador Militar
O Coronel Hiram Reis e Silva, brilhante Oficial de Engenharia do Exército, Professor do Colégio Militar de Porto Alegre, é possuidor de muitas e invejáveis titulações civis e militares. Em seu apostolado cívico em prol da Amazônia, contabiliza vários trabalhos escritos, a par de inúmeras palestras proferidas, etc. Entretanto, ele se fará conhecido, historicamente, pela concretização do Projeto-Aventura “Desafiando o Rio-Mar”. E este precioso livro traz a lume o que foi tal aventura, desde o rigoroso treinamento no lago Guaíba, até o hercúleo desafio em arrostar mais de 1700 km (!) do rio Solimões e seus afluentes, de Tabatinga a Manaus, em caiaque, e por quase dois meses. Este fantástico documento é uma verdadeira joia histórica, pois riquíssimo em valiosos ensinamentos. Ao perlustrarmos as suas páginas, somos conduzidos para a fruição de uma empolgante travessia, não em águas procelosas como as singradas, a remo, pelo autor, mas em um rio sereno, de encantadoras narrativas acerca de aspectos fisiográficos, sociais e humanos, referentes a “brasis ainda sem Brasil”. Tal como Orellana e Pedro Teixeira, no heroico pretérito, o Cel Hiram, pela epopeia há pouco realizada, acaba de consagrar, galhardamente, o seu ilustre nome em nossa historiografia, “ad perpetuam rei memoriam”. Mas a obra não trata apenas da descrição do memorável percurso aquático, eis que relevantes questões históricas (“Pirara”, Reservas Indígenas, etc) são muito bem abordadas no memorial, como um brado de alerta à cobiça de Nações hegemônicas sobre a nossa Amazônia. Aduza-se, por derradeiro, que as belezas e lições entesouradas neste livro têm, outrossim, o condão de robustecer, de forma superlativa, o sentimento de brasilidade, o apreço à nossa Soberania e a relembrança de nossos avoengos portugueses - “De nada a forte gente se temia” -, mote que se adapta, perfeitamente, à saga tão bem narrada, prenhe de audácia e coragem... Que o excepcional lavor deste belo historial, de forte conteúdo cívico-patriótico, da fecunda produção literária do bravo e renomado escritor, Cel Hiram, sirva de luzeiro àqueles que amam, de fato, a Terra em que nasceram, na inspiração do poeta-soldado Luiz Vaz de Camões: “Não me mandas contar estranha História. Mas mandas-me louvar dos meus a glória.”

- Investidores
Desta vez, nosso estreito convés levará a bordo dezenas de parceiros que, apaixonadamente, investiram no projeto viabilizando-o. Partimos sem qualquer tipo de apoio de instituições públicas ou privadas, com olhos críticos de um naturalista, mas, sobretudo, com a visão de um patriota que, ao contrário dos viajantes estrangeiros do passado, sabe reconhecer e respeitar as belezas da cultura nativa. Caros ‘amigos investidores’ tenham certeza que meus olhos serão os seus olhos que conosco se maravilharão com as belas praias de águas douradas do Negro e suas paisagens exuberantes. Cada remada, cada contração de minhas fibras musculares estará acompanhada de mais de uma centena de outros braços. Meu encantamento com a história, lendas e costumes será o ‘nosso’ encantamento.
Que o G:.A:.D:.U:. (Grande Arquiteto do Universo) vos abençoe, ilumine e guarde.



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