Hiram Reis e Silva (*)
- Rios de águas azuis
Os escudos brasileiro, ao sul, e das guianas, ao norte, são formados por rochas do período pré-cambriano, e os rios que têm suas nascentes nessas áreas são rios de águas claras e, em conseqüência, pobres em nutrientes.
- Rios de águas pretas
Os rios que nascem em áreas de sedimentos terciários são da cor do chá preto e muito pobres. No talvegue apresentam a cor mais escura, sendo conhecidos como rios de águas pretas.
- Rios de águas brancas
Por sua vez, os rios que nascem na cordilheira dos Andes são conhecidos como rios de água branca, em decorrência das cargas de sedimentos que trazem das montanhas.
- Controverso Japurá
O rio Japurá é um rio de águas brancas que começa a ser corrompido pelas águas do rio Auti-Paraná, na altura da cidade de Maraã, que carrega até ele as águas do Solimões. Mais adiante, ele recebe uma nova carga de água do Solimões no seu leito, através do paraná Aranapu. A tonalidade da água do Japurá provoca nos incautos uma confusão na sua classificação. É necessário que se observe, portanto, o rio à montante de Maraã para classificá-lo corretamente. Outros rios na Amazônia apresentam dificuldades na sua classificação, sendo necessário conhecê-los em toda a sua extensão para não incorrer em erro.
- Planícies alagadas
A cordilheira dos Andes é responsável pela maior descontinuidade climática da América do Sul. Desertos de um lado e vegetação luxuriante de outro. A grande responsável pela manutenção dessa vegetação são as chuvas. Grande parte delas é formada no Oceano Atlântico e empurrada pelos ventos alíseos.
- Mamirauá
As chuvas não são distribuídas uniformemente durante o ano. No Mamirauá, a época das chuvas mais intensas é de dezembro a março e o período da seca de julho a outubro. Esta variação no regime de chuvas provoca uma variação de até 12 metros no nível das águas, fazendo com que toda a área da reserva fique submersa, exigindo uma enorme capacidade de adaptação por parte da flora e da fauna local.
- Lagos
São mais de 600 lagos já identificados, que servem de importante fonte de subsistência para as comunidades da reserva. O mais importante deles é o Mamirauá, que foi, certamente, um meandro abandonado pelo rio-menino que encontrou um novo caminho mais retilíneo. O rio Solimões está em constante mudança e, em menos de uma década, é capaz de formar ilhas com vegetação.
Como os sedimentos trazidos pelo rio se depositam continuamente nas restingas altas, elas podem, no futuro, transformar-se em florestas de terra firme. Cada hectare da reserva abriga ‘apenas’ uma centena de espécies diferentes de árvores, e isso demonstra que as áreas de várzea não são capazes de sustentar os altos níveis de biodiversidade das terras firmes, tendo em vista as adaptações que as espécies tiveram de desenvolver para sobreviver.
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