Por Hiram Reis e Silva (Beruri, AM, 17 de janeiro de 2009).
- Ansiedade
Remei forte até chegar ao Purus, a ansiedade tinha tomado conta de mim e eu só pensava em uma coisa, tinha um só objetivo que era conhecer o rio heróico que, aliado à tenacidade e à bravura de um Plácido de Castro, foi responsável por mais uma estrela no nosso pavilhão nacional, o Acre. O rio do altruísmo que, junto à cultura e a abnegação do imortal Euclides da Cunha, permitiu que fossem definidas com exatidão as verdadeiras fronteiras brasileiras com o Peru. As imagens perpassavam pela minha mente numa fantástica velocidade e eu, ora mergulhando no passado, ora no presente, viajava ao sabor dos acontecimentos de outrora misturados às cenas de agora.
- Purus Épico
O Purus de passagens épicas cobrava um alto tributo à nossa expedição. Parece que o valoroso rio queria dar mostras do seu poder, da sua força, exigindo de nós um respeito e uma atenção digna da sua importância histórica. Por ele haviam passado alguns desbravadores em busca do conhecimento e da fortuna, muitos em busca da simples sobrevivência, idealistas buscando estender nossas fronteiras pela força do direito e guerreiros tentando fazê-lo pelo direito da força.
O Purus não é apenas um rio, mas um protagonista que, junto com homens de valor, gravou belas páginas na história da nossa nação. Homens que enfrentaram o desconhecido, que subjugaram a mata, que a analisaram, estudaram, mas também homens que tiveram suas vidas arrebatadas pela força da natureza e cujos destinos foram manipulados inexoravelmente pelas titânicas energias telúricas.
O Purus merece nosso respeito pelo que foi, pelo que é e pelas contraditórias passagens levadas a efeito na sua calha. Um rio patriota que guarda nas suas águas as imagens imaculadas de um Plácido de Castro e de um Euclides da Cunha. Um rio de ambição e sem consciência, que reflete as carrancas dos ambiciosos seringalistas que escravizaram os seringueiros nordestinos e suas famílias.
O Purus pré-histórico é tudo isso e muito mais. Nas suas calhas, foram descobertos os restos de gigantescos animais - como o Purussauru - que dominavam as águas no Mar Pebas.
Nosso preito de respeito a esta artéria viva da nacionalidade brasileira que reflete, nas suas águas, a pujança de uma raça do porvir, alicerçada no invulgar passado, mas com os corações e mentes voltados para o futuro.
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